emergência

emergência — 2010
caixa de emergência e dado 
 21 x 15 x 3 cm
 emergência — 2010
caixa de emergência e dado 
 21 x 15 x 3 cm


Roubo de dados * Por Lucila Vilela

¿le pregunto al azar
acaso porque sé
que el azar no responde?

(Mario Benedetti)

Se supõe nos poemas-objetos de Claudio Trindade uma incerteza e uma atenção ao instante.
Memória de Brossa, alusão a Mallarmé, os dados de Claudio, no entanto, não são lançados. 
Ao contrário, existe uma intenção de controle em suas obras, um controle da sorte, pensada e colocada devidamente em seu lugar. Em uma vontade de apreensão – não sem ironia – o artista tenta examinar o acaso. 

A sorte, o jogo, apesar de inúmeros cálculos de probabilidade, sustentam um resultado duvidoso. Lançar ao azar seria então uma maneira de suprir uma decisão jogando ao outro. A quem? Não importa – ao misterioso jogo de probabilidades. Desta maneira, Cláudio Trindade joga no sentido contrario, detém seus dados, controla seu jogo, examina, articula, prensa. Tirar o movimento dos dados é como anular sua função. Lançar os dados então só seria possível em uma obra – emergência; mas para isso, teríamos que quebrar o vidro de forma brutal. 
O dado de emergência espera calmo e repousado em sua solução,
espera um estado de alma aflito, sem saída nem respostas, de fato jogando tudo a um instante – incerto acaso. Em estado de emergência: quebre o vidro e lance os dados.

* Lucila é dançarina, crítica e artista visual. Publicado originalmente no site Intertvie.org